NO BLACK FRIDAY

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NO BLACK FRIDAY

A Black Friday de 2023 chegou. O evento mundial marca a época inaugural da temporada de compras natalícias com significativas promoções que visam apelar ao comércio de massas. À primeira vista pode parecer um bom negócio esperar pelo dia em que os preços são reduzidos de forma dramática para fazermos as nossas compras. No entanto, é mais complexo do que parece.

Precisamos mesmo da BlackFriday?

Vamos á origem :

A festividade inaugurada pelos Estados Unidos rapidamente se alastrou pelo resto do mundo. Foi no inicio deste século que o fenómeno se assumiu como o dia com maior volume de compras do ano. Esta época viu também a oficialização do nome, que passou a ser associado a uma grande baixa dos preços um dia após o Dia de Ação de Graças norte-americano.

Mas o termo “Black Friday” tem origens bem mais remotas do que o início do século XXI. O History Channel conta-nos que o termo foi utilizado pela primeira vez a 24 de setembro de 1869, associado a um crash da bolsa de Wall Street.

Jay Gould e Jim Fisk foram os autores do fenómeno, os dois impetuosos bolsistas uniram-se para tentar comprar o máximo de quantidade de ouro do Estado para o venderem posteriormente a preços mais elevados. O golpe fracassou e o mercado entrou em bancarrota, afetando desde os mais pequenos agricultores aos poderosos barões de Wall-Street. É curioso perceber que a origem do termo está associada a um crash financeiro, algo totalmente antagónico à abundância que o evento representa hoje.

Já existem pessoas suficientes incapazes de suportar dívidas contraídas na compra de bens que não precisam, simplesmente por não saberem comprar de forma consciente. Para além disso, a queda drástica e momentânea de preços apenas cria mais discrepâncias dentro dos setores que aderem à Black Friday, resultando na concentração desequilibrada dos lucros.

E seja qual for o fator económico que apresentemos, qualquer um ganha especial destaque no contexto da crise económica que vivemos este ano. As grandes superfícies que beneficiam da Black Friday não partilham este privilégio com as pequenas lojas de comércio local – as que mais foram afetadas pelo ciclo económico negativo.

Algumas marcas chegam a subir os preços uns dias antes para que, quando chega a Black Friday, possam vender os produtos ao preço normal enquanto o fazem parecer um negócio imperdível. Quer gostemos quer não, somos muito mais suscetíveis ao marketing do que pensamos.

Porque optamos pelo NO BLACK FRIDAY?

O ímpeto consumista da Black Friday apela à compra supérflua e impulsiva que, muitas vezes, é feita sem necessidade. O evento é totalmente contra aquilo que o comércio sustentável e a moda circular nos ensinam. A Black Friday simboliza o modelo de negócio de produção, consumo e descarte rápido. Tal como a fast fashion, o conceito do evento assenta na ideia das tendências sazonais e voláteis.

As marcas de fast fashion produzem roupas para que fiquem fora de moda, percam forma ou se estraguem rapidamente. Quanto mais barato é algo, mais barato foi produzi-lo. Nenhum bem material é de graça. A narrativa da fast fashion diz-nos que “estar na moda” equivale a seguir as tendências, o que leva o consumidor a ter de comprar novas peças e itens de forma frequente. A Black Friday acaba por preconizar esta mentalidade de consumo, ao provocar o aumento drástico da procura após uma baixa geral dos preços. Ora, se aumenta a procura por parte dos clientes, também terá de aumentar a oferta por parte dos fornecedores. E este não é de todo o nosso caminho, procuramos e trabalhamos com materias primas de qualidade e durabilidade, pois a necessidade de oferta elevada leva à produção em massa, que acentua inúmeras outras problemáticas pelo caminho: as condições éticas de trabalho ficam mais suscetíveis de serem infringidas; aumenta a acumulação de resíduos nos aterros que poluem o ar que respiramos; e a exploração animal é intensificada de forma a cumprir os prazos de produção. Não ceder ao consumismo compulsivo e aderir a campanhas mais sustentáveis ou solidárias é o primeiro passo. Comprar somente aquilo que necessitamos é uma das inúmeras formas de aplicar o minimalismo nas nossas vidas.

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